A recusa do amparo

defensividade e medo da dependência

Autores

  • Filipe Pereira Vieira Puntifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

DOI:

https://doi.org/10.59483/rfpp.v5n4166

Palavras-chave:

Psicanálise, Winnicott, Dependência, Clínica de psicologia, Esquizoidia

Resumo

Objetivo: Este artigo busca discutir, sob a perspectiva winnicottiana, os mecanismos psíquicos envolvidos na recusa do amparo, especialmente a negação da necessidade de sustentação emocional. Analisa-se como essa postura pode funcionar como defesa contra a dependência e a frustração, comprometendo, assim, a capacidade de se vulnerabilizar e estabelecer vínculos verdadeiros. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo teórico-clínico que articula contribuições da literatura psicanalítica, com ênfase nas noções de retraimento, desintegração ativa e ilusão de onipotência, comumente observadas em pacientes esquizoides, à análise de uma vinheta clínica. O referencial central apoia-se na obra de D. W. Winnicott, em interlocução com autores contemporâneos. Resultados: Observa-se que, ao negar a própria necessidade emocional, o indivíduo constrói um território de aparente autonomia que, embora o proteja da dependência objetal, também o isola, impossibilitando o acolhimento afetivo. A defensividade, nesse contexto, evidencia-se como um escudo contra o desamparo, mas resulta em empobrecimento dos laços interpessoais e em sofrimento psíquico crônico. Conclusão: A recusa do amparo revela-se como um mecanismo de defesa que, ao tentar garantir sobrevivência emocional, acaba por comprometer os laços objetais. Conclui-se, então, que a compreensão dessas defesas pode permitir ao analista sustentar um espaço em que o sujeito, em primeira pessoa, possa se arriscar a depender sem colapsar.

Biografia do Autor

Filipe Pereira Vieira, Puntifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Psicanalista e psicólogo. Mestre e doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP. 

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Publicado

15-12-2025

Como Citar

1.
Vieira FP. A recusa do amparo: defensividade e medo da dependência. RFPP [Internet]. 15º de dezembro de 2025 [citado 16º de dezembro de 2025];5(4). Disponível em: https://revista.facpp.edu.br/index.php/rfpp/article/view/166

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